Como explicar a paixão de um torcedor por um time de futebol? Quando ela nasce? Quais os sentimentos que ela provoca?
A minha paixão começa com o meu Pai que era Palmeirense. Não era fanático. Apenas torcia. Aliás, sempre achei isso muito estranho...
Ele foi sócio do Corinthians quando era pequeno. Tinha até carteirinha. (ate hoje guardada pela minha mãe). Dizia que ia lá só para nadar, jogar basquete.
Sempre fiquei com o pé atrás por isso.
Sabe quando, eu como Palmeirense iria no Parque São Jorge??? NUNCA.
Mas meu Pai era assim. Magnânimo.
Ele me levou quando era pequenino em um jogo do Verdão. Fomos nos dois lá no antigo Palestra Itália ver um jogo. Meu primeiro jogo de futebol ao vivo. Adorei claro.
Mas ao longo do tempo o que eu gostava mesmo, era de discutir futebol com ele. O cara era uma enciclopédia. Ditava os nomes dos jogadores do Verdão de antigamente com uma naturalidade ímpar.
Quem viu jogar Valdir de
Moraes, Djalma Dias, Waldemar Carabina, Djalma
Santos, Ademir da Guia, Julinho e Vavá nunca mais vai ver "futebol bem jogado de novo" dizia.
Eu que nunca fui muito de guardar nomes. Tirando uns mais famosos que ele falava, para mim o restante era grego.
Mas, ao longo da minha vida e da dele também pós-academia, vimos jogar muito craque.
Como esquecer de Luiz Pereira, Dudu, Leivinha, Jorge Mendonça, Leão, César Maluco?
Como não se extasiar com um time que tinha Zinho, Evair, Cafu, Roberto Carlos, Edmundo, César Sampaio, Antônio Carlos, Edilson ?
A paixão já nasceu com meu Pai e apenas aflorou em mim. Muito mais forte, muito mais apaixonada.
Sempre que meu Palmeiras joga, um misto de sentimentos toma conta de mim. Ansiedade, alegria, tristeza, decepção, mas nunca apatia.
Com o palmeiras eu tive uma das minhas maiores alegrias na vida. Tenho inclusive como ringtone do meu celular com aquela famosa narração do pênalti que o nosso São Marcos pegou na semi da Libertadores.
Naquele dia, estava eu em meu quarto assistindo sozinho o jogo. Meu Pai estava na sala. Mas como ele assistia jogos na mais pura concentração e eu na mais pura euforia, preferi assistir sozinho.
Assim poderia gritar, xingar os jogadores, chorar, sem problema nenhum.
Semanas antes o "mascarado" Marcelinho Carioca já tinha feito uns pênaltis displicentes, daqueles que a bola vai rolando devagarinho e deixa o goleiro e a outra torcida irados.
Quem não lembra daquele jeitinho meio bichona de bater na bola, com aquela perninha indo pra lateral do corpo?
Pois bem. Quis o destino que ele fosse o ultimo batedor. Quis o destino que estivesse na sua frente um tal de Marcos.
E lá foi ele transformar nosso goleiro em Santo. Chorei como criança. Chorei de alegria.
Nem ganhar a libertadores, um ano antes, foi tão importante para mim. E acredito que para todo Palmeirense de verdade.
Era apenas uma semifinal, mas para nós era a gloria. Ficou marcado para sempre.
Obrigado Marcão !
Hoje não tenho mais o meu Pai pra discutir futebol. Tenho um sobrinho Corintiano.
Que falta sinto do meu Pai.
Mas onde ele estiver, do jeito dele, garanto que ele esta torcendo pelo nosso palmeiras.
Que esta torcendo por mim.
Obrigado Pai por ter aflorado em mim essa paixão.
Obrigado Verdão por fazer parte da minha vida.