quarta-feira, 29 de julho de 2015

minha primeira motocicleta.

Tinha acabado de ingressar no curso superior de processamento de dados no Mackenzie. 

Era inicio dos anos 1980. Os famosos anos mágicos, onde tudo aconteceu e é lembrado até hoje. Musica, teatro, esporte, tudo caminhava a passos largos nesta época. Surgiam as grandes danceterias. 

Eu acabava de completar 18 anos e diferente de hoje em dia, eu já tinha carro e dirigia (sem carteira, claro) desde os 16 anos. 

Mas fazer 18 anos era particularmente especial. 

Estudar no Mackenzie naquela época, também era muito especial, pois o que menos fazíamos era estudar. 

Vivíamos nos bares da Rua Maria Antônia e num destes dia de ócio, resolvi dar uma passada em uma loja da Honda que ficava embaixo do minhocão pra ver umas motos. 

Lá estava ela...uma reluzente CB 400 vermelha (quase vinho), ano 1981, semi nova. 


Nem piscava, tamanha paixão que senti por ela. Ela precisava ser minha. 

Naqueles próximos dias vendi o Opala branco que eu tinha e uma corrente de ouro para conseguir a grana. 

Voltei na loja e comprei a moto.

Mas tinha um detalhe: eu nunca tinha guiado uma moto!!!

No dia seguinte tinha que buscar a moto, depois de uma prometida revisão pela loja. 

Antes, fui ate ao Mackenzie assistir umas aulas e depois iria até lá. 

Contei pra uns colegas de classe que tinha feito. Perguntei se eles poderiam ir lá comigo e mais...quem que sabia pilotar uma moto. Ninguém. Um deles disse que já tinha pilotado uma cinquentinha de um amigo na ferias no Guarujá. 

Pimba...você vai levar ela para mim ate em casa então, falei.

E o cara super corajoso aceitou.

Fomos ate a loja e o funcionário colocou ela pra fora da loja e explicou pro meu amigo o funcionamento geral dela. 

Só tinha um capacete que eu tinha comprado. 

Ele me disse que eu teria que ir com ele pois, se acontecesse alguma coisa a moto era minha. 

Topei. E lá fomos nós. Até a Aclimação onde eu morava. 

Loucura total. Mas chegamos lá. Inteiros.

Descemos da moto e ele entrou no carro de outro colega e foi embora. 



Fiquei lá, eu e ela sozinhos na calcada. Agora era a hora da verdade. 

Sentei nela, dei a partida e ... primeira pra baixo e as outras pra cima...conforme o funcionário explicou. 

Acelerei e me lancei nesta paixão que dura ate hoje. 

Depois tirei a carteira de habilitação e comecei a viajar com ela. 

Sofri dois acidentes com ela, um em Sao Paulo na madrugada com um automóvel que tinha furado o farol e outro na estrada onde o pneu de traz estourou em alta velocidade.

Como tenho uma regrinha que trago comigo pela vida, na qual diz que no máximo, podemos sofrer dois acidentes com a mesma moto. 

Depois disso venda, senão você pode dançar!

Dito e feito, vendi pra um empresario amigo meu e um dia ele emprestou a moto pra seu segurança buscar um documento e ele sofreu um trágico acidente com ela na 23 de maio.
Me lembro dela ate hoje e sinto muita saudades daquela japonesinha (os entendidos em CB400 sabem o que eu estou falando).